Amália Augusta Pereira de Lima Barreto

Ilustração de Amália Augusta Pereira de Lima Barreto - uma mulher negra educadora e mãe do escritor Lima Barreto

Ilustração por Tassila Custodes

Amália Augusta Pereira de Lima Barreto, mãe do renomado escritor Lima Barreto, nasceu em 19 de julho de 1862, no Rio de Janeiro. Descendente de africanos, era filha de Geraldina Leocádia da Conceição e neta de Maria da Conceição.

História de Amália Augusta Pereira de Lima Barreto

Amália representava a terceira geração de mulheres originalmente vindas da África para trabalhar como escravizadas. Sua avó, que era africana, chegou ao Brasil em um navio negreiro, enquanto sua mãe nasceu no Brasil e foi escravizada como doméstica.

Destacou-se pela importância que atribuía à educação – para ela, tratava-se de um instrumento fundamental para a verdadeira liberdade. Alfabetizada, não apenas dominava a leitura e a escrita com perfeição, como também utilizava esses conhecimentos para transformar vidas.

Escolheu o caminho do magistério e fundou sua própria escola, o Colégio Santa Rosa, que figurou no Almanaque Laemmert como uma das 94 principais instituições de ensino da Corte. Em 26 de fevereiro de 1880, recebeu do Diário de Notícias um certificado que a autorizava a dirigir uma escola de instrução primária e secundária.

Recorte histórico da Gazeta das Notícias sobre Amália Augusta Pereira de Lima Barreto

Gazeta das notícias RJ

Vida pessoal e família de Amália Augusta

Em 1878, casou-se com o tipógrafo João Henriques de Lima Barreto. O casal passou a viver na própria escola, unindo o espaço de trabalho ao ambiente doméstico. Juntos, compartilhavam a crença de que a libertação da população negra passava necessariamente pela educação. Enquanto Amália administrava o Santa Rosa, João trabalhava no jornal A Reforma.

Em 1879, nasceu o primeiro filho do casal, Nicomedes, que faleceu com apenas oito dias de vida. Pouco tempo depois, Amália começou a enfrentar sérios problemas de saúde, adquirindo uma paralisia nas pernas que a obrigou a usar muletas pelo resto da vida. Apesar das dificuldades, teve outros filhos: Afonso Henriques de Lima Barreto, o famoso escritor, nascido em 1881, Evangelina em 1882, Carlindo em 1884 e Eliézer em 1886.

João Henriques cuidava do sustento da família e da saúde debilitada de Amália, que sofria de problemas pulmonares. A família mudou-se várias vezes em busca de climas mais amenos que pudessem aliviar suas dores. Em 1887, estabeleceram-se na rua Santo Alfredo, no bairro de Paula Matos, acreditando que o ar da montanha poderia trazer algum conforto.

Infelizmente, após anos de sofrimento, Amália faleceu em 24 de dezembro de 1887, aos 25 anos de idade. Seu falecimento foi noticiado na Gazeta de Notícias, e seu sepultamento ocorreu no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Ela deixou um legado marcante na história da educação e da luta pela liberdade, influenciando profundamente a trajetória do filho Lima Barreto e de tantos outros que cruzaram seu caminho.