Durante o ensino fundamental, Edson Cardoso estudou no Colégio Theodoro Sampaio e, no ensino médio, frequentou o Ginásio da Bahia, onde se envolveu em movimentos de resistência à ditadura civil-militar brasileira (1964–1985). Ainda como secundarista, aproximou-se do grupo de estudos da Ação Popular (AP). A intensificação da repressão após o Ato Institucional nº 5 (AI-5), imposto pelo regime militar em dezembro de 1968, marcou sua vivência estudantil, em meio a perseguições políticas, desaparecimentos de opositores, militarização das escolas e a organização clandestina da resistência estudantil.
Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de trabalho, mas, sem êxito, retornou a Salvador, onde prestou vestibular para o curso de Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1977, transferiu-se para Porto Alegre (RS), onde se reuniu com grupos de escritores locais. No ano seguinte, retornou a Salvador e trabalhou no jornal A Tarde. Em 1980, mudou-se para Brasília, onde se estabeleceu definitivamente. Prestou vestibular para concluir o curso de Letras na Universidade de Brasília (UnB) e passou a trabalhar na Revista Brasileira de Tecnologia, publicada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A partir de 1981, Edson Cardoso se aproximou do Movimento Negro Unificado (MNU), tornando-se um militante ativo da organização. Em 1984, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e fundou a Comissão do Negro do partido. Durante a década de 1980, destacou-se na imprensa negra, sendo editor de importantes publicações, como Raça & Classe, da Comissão do Negro do PT-DF (1987), e o Jornal do MNU (1989–1994). Entre 1996 e 2010, editou o jornal Ìrohìn, que circulou nacionalmente em formato impresso e desempenhou um papel fundamental na imprensa negra.
No campo acadêmico, graduou-se em Língua e Literatura Portuguesa pela UnB e concluiu o mestrado em Comunicação na mesma instituição, com a dissertação A celebração conflituosa do mito – uma leitura dos jornais do centenário da abolição da escravatura, defendida em 1990. Obteve o título de doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese Memória de Movimento Negro – um testemunho sobre a formação do homem e do ativista contra o racismo (2014), e realizou pós-doutorado em Educação na Universidade Metodista de São Paulo.
Na política institucional, atuou no mandato do senador Abdias do Nascimento e como assessor especial da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) durante a gestão da ministra Luiza Bairros, entre 2011 e 2014.
Como escritor, publicou seu primeiro livro de poesia, Areal das Sevícias, em 1977. Em 1992, lançou Bruxas, Espíritos e outros Bichos, reunindo artigos publicados na imprensa no período próximo à comemoração do centenário da abolição. Em 2022, lançou Nada os trará de volta: escritos sobre racismo e luta política, uma coletânea de 151 textos que reforçam seu papel como intelectual público comprometido com o combate ao racismo e a valorização da memória afro-brasileira.
Em entrevista concedida a Fernanda Mena para o Portal Geledés em 2022, Edson Lopes Cardoso reflete sobre a importância da memória coletiva e da reparação histórica: "Nada os Trará de Volta evoca, desde o título, histórias que não deveriam ser esquecidas. É preciso ativar a memória para que a coletividade ande". Ele destaca ainda: "Quando a gente fala em escravidão, as pessoas pensam que estamos querendo perseguir os culpados pela escravidão, mas eles já morreram. Não tem ninguém mais procurando por eles. O que a gente quer é responsabilidade coletiva". E completa: "A reparação é o eixo central do projeto da democracia no Brasil" (Mena, 2022, não paginado).
A trajetória de Edson Lopes Cardoso é marcada por sua atuação como jornalista, professor, ensaísta e militante aguerrido do movimento negro. Sua presença se destaca tanto na esfera institucional quanto na sociedade civil, consolidando um legado incontestável, uma assinatura indelével na história da luta negra brasileira.