Foi na capital pernambucana que se graduou em Enfermagem e concluiu o mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Recife, no entanto, tornou-se muito mais do que o espaço de sua formação acadêmica: é o lugar a partir do qual ela articula ações em prol da igualdade racial e do respeito às diferenças, consolidando-se como uma voz fundamental do Movimento Negro e Feminista. Inaldete é, inclusive, reconhecida como uma das fundadoras do Movimento Negro no Recife.
Como destaca Larissa Santiago, em matéria para o coletivo Blogueiras Negras, Inaldete é conhecida em Recife como uma "mulher sábia" e "contadora de histórias" (Lima, 2013, não paginado). Sua atuação no movimento feminista remonta a 1979, e desde então ela tem se dedicado à articulação com mulheres de comunidades negras remanescentes de quilombos no interior de Pernambuco. Com seu conhecimento na área da saúde, integrou o Grupo de Trabalho sobre Saúde da População Negra da Prefeitura do Recife e a Comissão do Programa de Anemia Falciforme da Secretaria Estadual de Saúde.
Sua trajetória também é marcada pela luta pelo ensino da História da África e da Cultura Afro-brasileira. Seu empenho foi essencial para a inclusão dessas disciplinas no currículo da rede municipal de ensino do Recife e, posteriormente, na rede pública estadual. Além de educadora e militante, Inaldete é escritora comprometida com o resgate e a valorização da cultura afro-brasileira, tendo na literatura infantil uma de suas paixões. Através de suas obras, cria universos possíveis para as crianças, a partir do resgate de histórias silenciadas e da afirmação das identidades negras.
Em reconhecimento à sua atuação, recebeu o título de Cidadã Recifense em 2011 e foi condecorada com a Medalha Zumbi dos Palmares, honraria destinada a celebrar sua contribuição para a história e a memória do povo negro pernambucano.
O simbolismo dos baobás, tão presente em sua literatura, oferece uma metáfora potente para a trajetória da própria escritora – por sua força, ancestralidade, imponência e capacidade de resistir. Seus livros Baobás de Ipojuca (2008) e Uma Aventura do Velho Baobá (2021) evocam essa conexão profunda, revelando como histórias ancestrais podem inspirar novas gerações na construção de futuros possíveis. Para a escritora Kiusam de Oliveira (2021, p. 29), Inaldete é ela mesma um baobá: "semeadora de sementes de negruras africanas" que, por meio de suas histórias, realiza um "feitiço preto" capaz de curar as feridas do racismo e fortalecer a identidade negra.