Em 1846, sua mãe conseguiu libertar-se da escravidão e tornou-se quitandeira no Largo da Sé. Com muito esforço, em 1856, ela também conseguiu libertar sua filha, irmã de Israel.
Desde jovem, Israel questionava a escravidão. Aos 14 anos, tinha uma sede insaciável de aprender e, como ele mesmo declarou: "Atirei-me a tudo que me podia ser útil" (Senna, 1909, p. 168).
Nunca frequentou escola formal, mas aprendeu a ler sozinho, decifrando jornais velhos em um canto da cozinha. Ao rememorar sua infância, recorda sua mãe – uma muçulmana devota – que, certa vez, ao pegá-lo no colo, teria dito: "Pobre filho, eu não te posso libertar!" (Ibid., loc. cit.).
Consciente do poder transformador da educação, Israel abriu um curso noturno na casa de quitanda onde sua mãe havia falecido, compartilhando o pouco que sabia com aqueles que nada sabiam. Fundou também uma sociedade de dança chamada Bella Amante, composta inteiramente por escravizados. Foi nesse período que começou a vislumbrar "o anjo da liberdade no horizonte" (Ibid., p. 170) – inspiração que o levaria à luta abolicionista.
Em 24 de junho de 1880, data que marcava o décimo aniversário da sociedade de baile, Israel fundou a Caixa Libertadora José do Patrocínio, iniciativa que considerava seu maior orgulho. Após ser eleito presidente da instituição, comprou sua própria liberdade e permaneceu no cargo até o 13 de maio de 1888, dia da Abolição da Escravidão no Brasil.
No meio de suas lutas, Israel encontrou o amor e uma companheira, a quem ele libertou. Para reunir o dinheiro necessário, ele fez tudo o que era possível honestamente, contando inclusive com a ajuda de José do Patrocínio. Graças à iniciativa de Israel, outras associações abolicionistas foram criadas.