Engenheiro civil formado pela Universidade Estadual do Maranhão em 1973, trabalhou como funcionário da Companhia de Água e Esgotos do Maranhão (Caema) a partir de 1980. No entanto, sua verdadeira vocação revelou-se no ativismo em prol dos direitos humanos e da cidadania, com atuação marcante no movimento negro brasileiro.
Nos anos 1980, foi convidado a conhecer o Centro de Cultura Negra do Maranhão. Ali encontrou a base que precisava para lutar pelos direitos do povo negro e dedicou sua vida à causa. Foi presidente da entidade por dois mandatos consecutivos, entre 1984 e 1988, e tornou-se seu presidente de honra em reconhecimento ao compromisso incansável com a luta antirracista. Sua liderança também se destacou à frente do Conselho Diretor da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, onde atuou na defesa da posse de terras por comunidades quilombolas no estado.
Ainda nessa década, contribuiu para a fundação do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Urbanas do Maranhão (STIU/MA), vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Também militou pela democratização das comunicações, participando ativamente da Rádio Comunitária Conquista, no bairro Coroado. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), candidatou-se duas vezes ao cargo de vereador no município de São Luís.
Magno Cruz teve quatro filhos, todos engajados no movimento negro, dando continuidade à luta de seu pai. Além de ativista, era também poeta e escritor. Encontrou na literatura de cordel um meio poderoso de preservar e divulgar a memória da resistência negra no Maranhão. Em 2002, publicou o livro Vivas à Liberdade: A Saga Heroica da Insurreição Negra em Viana, em que narra a revolta de escravizados ocorrida em 1867, organizada por quilombolas do São Benedito do Céu, célebre quilombo localizado nas cabeceiras do rio Bonito, afluente do rio Turi, a três dias e meio de caminhada de Viana.
A obra retrata como o levante foi brutalmente reprimido por tropas do governo provincial e dos municípios de Viana, São Vicente de Férrer e São Bento, mas ressalta que a chama da resistência quilombola jamais se apagou.
"A negrada continuou a praticar suas ações: surgiram outros quilombos..." — Magno Cruz sobre a resistência quilombola
"Cabe a negrada nova manter a dignidade das lutas dos quilombolas, DANDO VIVAS À LIBERDADE!" — Magno Cruz (Cruz, 2002, p. 6)
"Gostava de Martinho da Vila, Dona Ivone Lara e Leci Brandão. Viajava à Bahia para se inspirar na atuação do movimento negro do Estado" — Felipe Caruso sobre Magno Cruz (Caruso, 2010)
Antes de falecer precocemente, aos 59 anos, dedicava-se a um projeto ambicioso: contar a história da Balaiada em forma de literatura de cordel, mantendo viva a memória da resistência popular maranhense.
Magno Cruz deixou um legado de coragem, arte e resistência, que segue inspirando aqueles e aquelas que se dedicam à luta pela equidade racial e pela dignidade do povo negro. Seu nome permanece vivo na memória coletiva do Maranhão, estado com uma das mais expressivas presenças negras e quilombolas do Brasil.