Makota Valdina

Retrato ilustrado de Makota Valdina Pinto de Oliveira, educadora, ativista social e líder espiritual do candomblé de nação Angola

Ilustração por Tassila Custodes

Makota Valdina Pinto de Oliveira nasceu em 15 de outubro de 1943, no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, Bahia. Desde cedo, dedicou-se às causas sociais, influenciada pela família, pela Igreja Católica e pela Associação de Moradores do bairro.

"Makota Valdina dedicou-se às causas sociais, especialmente à alfabetização de adultos, missão que cumpriu com a força de quem entende o poder libertador da palavra" — Neidjane dos Santos (2015)

Nesse sentido, atribuiu sempre importância especial à educação. Formou-se em 1962 pelo Instituto Educacional Isaías Alves (ICEIA) e logo se tornou uma referência no ensino – não apenas nas escolas, mas também no terreiro, na sede da associação comunitária e em sua própria casa.

Sua jornada educacional ultrapassou os limites do bairro quando foi convidada a ensinar português a estrangeiros. Foi nesse momento que Makota Valdina começou a reconhecer a imensurável riqueza de suas raízes ancestrais – percepção que se aprofundaria a partir de 1975, quando se iniciou no candomblé, no Terreiro Tanuri Junsara.

Neste terreiro de Nação Angola, assumiu o nome de Zimewaanga e o cargo de Makota, conselheira e guardiã da casa. O candomblé transformou sua vida – tornou-se sua essência, conforme ela mesma afirmava. A partir desse novo olhar religioso, Makota Valdina ressignificou seu lugar no mundo e sua própria história (Santos, 2015).

Em sua trajetória espiritual, mergulhou profundamente nas tradições bantu, estudando no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) entre 1977 e 1978. Essa experiência consolidou sua liderança na valorização da nação angola-congo no Brasil. A defesa da cultura afro-brasileira tornou-se uma de suas bandeiras, e, como membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, posicionou-se firmemente em prol da preservação das culturas de matriz africana e dos direitos do povo negro.

Seu imenso legado como ativista e educadora foi reconhecido por diversas homenagens, como o Prêmio Clementina de Jesus, o Troféu Ujaama do Olodum e a distinção de "Mestra Popular do Saber" pela Fundação Gregório de Mattos. Em 2013, publicou seu livro de memórias Meu Caminhar, Meu Viver, no qual narra sua trajetória – da infância no Engenho Velho da Federação à liderança espiritual e à militância em defesa da cultura afro-brasileira.

Makota Valdina partiu aos 75 anos, no dia 19 de março de 2019. No entanto, a força de sua luz permanece viva: seu exemplo de fé e luta reverbera em cada ato de resistência, em cada manifestação de fé e em cada esforço para preservar a riqueza da herança afro-brasileira.

Referências