"Makota Valdina dedicou-se às causas sociais, especialmente à alfabetização de adultos, missão que cumpriu com a força de quem entende o poder libertador da palavra" — Neidjane dos Santos (2015)
Nesse sentido, atribuiu sempre importância especial à educação. Formou-se em 1962 pelo Instituto Educacional Isaías Alves (ICEIA) e logo se tornou uma referência no ensino – não apenas nas escolas, mas também no terreiro, na sede da associação comunitária e em sua própria casa.
Sua jornada educacional ultrapassou os limites do bairro quando foi convidada a ensinar português a estrangeiros. Foi nesse momento que Makota Valdina começou a reconhecer a imensurável riqueza de suas raízes ancestrais – percepção que se aprofundaria a partir de 1975, quando se iniciou no candomblé, no Terreiro Tanuri Junsara.
Neste terreiro de Nação Angola, assumiu o nome de Zimewaanga e o cargo de Makota, conselheira e guardiã da casa. O candomblé transformou sua vida – tornou-se sua essência, conforme ela mesma afirmava. A partir desse novo olhar religioso, Makota Valdina ressignificou seu lugar no mundo e sua própria história (Santos, 2015).
Em sua trajetória espiritual, mergulhou profundamente nas tradições bantu, estudando no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) entre 1977 e 1978. Essa experiência consolidou sua liderança na valorização da nação angola-congo no Brasil. A defesa da cultura afro-brasileira tornou-se uma de suas bandeiras, e, como membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia, posicionou-se firmemente em prol da preservação das culturas de matriz africana e dos direitos do povo negro.
Seu imenso legado como ativista e educadora foi reconhecido por diversas homenagens, como o Prêmio Clementina de Jesus, o Troféu Ujaama do Olodum e a distinção de "Mestra Popular do Saber" pela Fundação Gregório de Mattos. Em 2013, publicou seu livro de memórias Meu Caminhar, Meu Viver, no qual narra sua trajetória – da infância no Engenho Velho da Federação à liderança espiritual e à militância em defesa da cultura afro-brasileira.
Makota Valdina partiu aos 75 anos, no dia 19 de março de 2019. No entanto, a força de sua luz permanece viva: seu exemplo de fé e luta reverbera em cada ato de resistência, em cada manifestação de fé e em cada esforço para preservar a riqueza da herança afro-brasileira.