1866
LIBERDADE PARA MORRER NA GUERRA

CAÇA DE PATRIOTAS PARA VOLUNTÁRIOS INVOLUNTÁRIOS” CHARGE JORNAL DIABO COXO REDIGIDO POR LUIZ GAMA E ILUSTRADO POR ANGELO AGOSTINI.
O Decreto nº 3.725-A, de 6 de novembro de 1866, prometia a liberdade gratuita aos escravizados da Nação que, aptos aos serviço militar, se dispusessem a combater pelo Brasil na Guerra contra o Paraguai (1864-1870), estendendo os efeitos deste decreto também às esposas dos possíveis combatentes, caso fossem casados. Não se falava nada sobre as condições dos filhos dessas pessoas, caso os tivessem.
Os escravizados da Nação eram pessoas pertencentes ao Estado brasileiro que trabalhavam nos palácios e fazendas do imperador, mas também em obras públicas por todo o país. Quando o número de voluntários ao combate começou a decrescer, passou a ser prática relativamente comum oferecer escravizados substitutos aos homens que seriam recrutados.
De acordo com Ricardo Salles, utilizando informações oferecidas por Robert Conrad, até abril de 1868, um total de 3.897 pessoas teriam sido cedidas por conventos, pela Casa Imperial, pela nação, pelo governo e outras fontes, representando 5,5% do efetivo do exército. Também havia aqueles escravizados que fugiam dos seus senhores com o intuito de, servindo ao Brasil na guerra, pudesse alcançar a liberdade por seus feitos. Para homens livres, majoritariamente negros, o recrutamento violento de desordeiros, desafetos e toda a sorte de indesejados, aumentava ainda mais a sua tensão com recrutadores e outras autoridades do Estado.
FONTE:
SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do exército. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990.
Resistências Radicais
01
02
01
O DIABO COXO E A CRÍTICA FERRENHA AO IMPÉRIO
O periódico Diabo Coxo, editado por Luiz Gama e Angelo Agostini, foi um dos pioneiros no uso de caricaturas com crítica social e política durante seu breve período de circulação. Era um jornal dominical de apenas oito páginas, sendo quatro dedicadas a ilustrações e quatro a textos, redigidos por Gama e Sizenando Barreto Nabuco de Araújo, irmão de Joaquim Nabuco. O periódico teve duas séries de 12 edições cada, circulando entre 1864 e 1865. É considerado o primeiro jornal ilustrado da história da imprensa paulista.
Durante a Guerra do Paraguai, o jornal teceu várias críticas ao recrutamento forçado.
“MAIS PREMIOS A CONCURSO - A quem descobrir um meio espontâneo de apreender voluntários para o serviço patriótico da guerra: carta branca de recrutador”.
Fonte:
MAIS premios a concurso. Diabo Coxo, São Paulo, p. 6-7, 3 set. 1864.
Tags
Conteúdos relacionados

AGOSTINI, Angelo; GAMA, Luiz. Diabo Coxo. Antonio Luiz Cagnin (Org.). São Paulo: EDUSP, 2005.
Anterior
Voltar para o índice
Próximo
Voltar para o índice