1874
O BRASIL QUE DESEJA SER EUROPA

IMIGRANTES ITALIANOS 1890 - FUNDAÇÃO PATRIMÔNIO DA ENERGIA DE SÃO PAULO
O Decreto nº 5.663, de 17 de junho de 1874, autorizou a celebração de um contrato com o empresário brasileiro Joaquim Caetano Pinto Júnior para a importação de 100.000 imigrantes europeus ao longo de dez anos. O objetivo era trazer ao Império trabalhadores de diversas nacionalidades: alemães, austríacos, suíços, italianos do norte, bascos, belgas, suecos, dinamarqueses e franceses. Estes imigrantes deveriam ser agricultores, saudáveis, trabalhadores e de boa moral, com idades entre dois e 45 anos, exceto se fossem chefes de família.
[TEXTO ADAPTADO PELO EDITOR REVISOR]
Caso Juridico
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TRANSPORTE DE IMIGRANTES

DIA DO COLONO EM 1936 - CLUBE DE CAÇA E TIRO, RIO DO SUL (SC)
Mais um caso que ilustra a preocupação do governo brasileiro com a transformação do mundo do trabalho no Brasil através do incentivo à imigração europeia.
A tesouraria de Fazenda de São Paulo foi autorizada a pagar à Sociedade Promotora de Imigração a quantia de 156:862$500 pela passagem de imigrantes europeus nos vapores Bearn, Bourgogne, La France, Provence e Lavarello. Francisco Antonio Queiroz Telles também recebeu pagamento de 5:687$300 pela passagem de imigrantes na sua fazenda, trazidos pelos vapores Galícia e Ville do Ceará.
Essa despesa foi financiada pela terceira parte do produto da taxa adicional de 5%, constituindo um auxílio importante para a lavoura, pois a taxa não recaía sobre os impostos de exportação. Essas medidas visavam não apenas suprir a demanda por trabalhadores nas lavouras, mas também fomentar a colonização europeia, influenciando fortemente na composição étnica da população brasileira.
Para compreender a taxa adicional de 5%, consulte o verbete 1885 – A LEI DOS SEXAGENÁRIOS, DA ESCRAVIDÃO E INDENIZAÇÃO e a LEI Nº 3.270, DE 28 DE SETEMBRO DE 1885
[TEXTO ADAPTADO PELO EDITOR REVISOR]
FONTE:
CRUZ, Itan. Qual foi o destino do dinheiro do Fundo de Emancipação no pós-abolição? Projetos, protestos e disputas (1884-1890). Revista de História, São Paulo, n. 183, p. 1–33, 2024.
Resistências Radicais
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VICENTE DE SOUZA CONTRA O "ARIANO DE SERGIPE"
Sylvio Romero, em seu texto "A questão do dia: a emancipação dos escravos", publicado em 1881, afirmava não existiam escravocratas, porque todos desejariam o fim da escravidão, divergindo somente da forma como se alcançaria tal objetivo. Romero criticou Joaquim Nabuco, deputado geral por Pernambuco e que, há alguns meses atrás, havia apresentado ao governo de José Antonio Saraiva (1880-1881), chefe de ministério, um plano para a abolição da escravidão num prazo de 10 anos. O projeto foi rejeitado.
Romero, então, alegou que Nabuco estava agitando uma questão perigosa da qual não daria conta. O sergipano recorreu a naturalistas brancos para afirmar a inferioridade da população negra diante dos brancos, afirmou que a ideia da abolição da escravidão era ideia europeia e não negra e manifestava-se à favor da imigração estrangeira - implicitamente branca e europeia.
Em 6 de fevereiro daquele mesmo ano, Vicente de Souza, abolicionista negro, ligado a agremiações como a Associação Central Emancipadora, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e outras que representavam ainda mais um abolicionismo popular e radical, em sua conferência chamada "Emancipação", defendeu Nabuco dos ataques de Romero e ironizou este último, chamando-o de "ariano de Sergipe". Souza defendeu a abolição em um prazo de cinco anos, marco ainda mais curto do que aquele estipulado pelo pernambucano.
Confira esta "treta" publicada na imprensa da época.
FONTE:
SOUZA, Vicente de. Emancipação. Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, n. 33, p.1, 7 fev. 1881.
ROMERO, Sylvio. A questão do dia: a emancipação dos escravos. Revista Brasileira, Rio de Janeiro, p. 191-203, jan./mar. 1881.
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PINTO, Ana Flávia Magalhães. Vicente de Souza: intersecções e confluências na trajetória de um abolitionista, republicano e socialista negro brasileiro. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 32, nº 66, janeiro-abril de 2019, p. 267-286.
VANGELISTA, Chiara. Os braços da lavoura: imigrantes e "caipiras" na formação do mercado de trabalho paulista (1850-1930). São Paulo: Hucitec, 1991.
VENDRAME, Maíra Ines; KARSBURG, Alexandre de Oliveira. O negócio das migrações: empresários, agentes e colonização no Brasil do século XIX. Topoi - Revista de História, Rio de Janeiro, v. 25, 2024, p. 1-23.
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